O objetivo desde texto é justamente mostrar que nem tudo no autismo é tratamento, déficit, comprometimento. Pessoas com autismo podem nos surpreender se dermos uma chance.
Muito tem se falado sobre o autismo nos últimos anos. E esse interesse vem de diversas partes de nossa sociedade, desde estudiosos e cientistas, como também da população em geral. Creio que isso tenha acontecido por diversos fatores, entre eles uma maior divulgação de pesquisas, por não sabermos tudo sobre o transtorno e também pela atenção que os meios de comunicação, como cinema e TV, tem dado ao tema.
O que se sabe é que o autismo tem fortes indícios de ter causa de base genética, apesar de ninguém ter conseguido comprovar com 100% de certeza quais genes seriam decisivos para o desenvolvimento do transtorno. De acordo com Rutter (1992) o autismo não é uma doença única, mas sim um distúrbio de desenvolvimento complexo, definido de um ponto de vista comportamental, com etiologias múltiplas e graus variados de severidade.
Como não há nenhum mecanismo biológico que seja capaz de precisar uma causa ou diagnóstico do autismo este é feito por meio de testes, entrevistas com pais e cuidadores, mas principalmente por meio da observação dos comportamentos da pessoa.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM V (2014), os critérios principais para o diagnóstico do autismo são: déficit na reciprocidade socioemocional; déficit nos comportamentos comunicativos não verbais e verbais; déficit para desenvolver, manter e compreender relacionamentos; comportamentos repetitivos e estereotipados.
Por causar comprometimento em diversas áreas, com níveis de intensidade diferentes, as pessoas diagnosticadas com autismo acabam demandando de uma série de tratamentos e apoios que vão desde terapias, diferentes especialidades médicas, mediadores escolares, etc. Mas o que ser autista significa? Será que é apenas uma “doença”? Se “tirarmos o autismo” da pessoa, será que ela continuará sendo a mesma?
O objetivo desde texto é justamente mostrar que nem tudo no autismo é tratamento, déficit, comprometimento. Pessoas com autismo podem nos surpreender se dermos uma chance. Seguem algumas histórias interessantes mostrando esse outro lado, mas sempre frisando que há níveis de comprometimento e que as pessoas com autismo precisam de apoio diferenciado que estimule suas capacidades.
Recentemente ficamos sabendo da história do jovem Sam, um autista que conseguiu um emprego numa rede de café americana. Sua história é bem especial pois, além de terem tido paciência de ensinar ao jovem as atividades que o emprego exige, ele também tem sido encorajado a fazer seu trabalho da forma que ele consegue: que é dançando.
Outra história recente e bem legal é a do brasileiro Thor Guenther, de apenas 11 anos. Ele e sua mãe, a senhora Claudia Guenther, escreveram um livro, O Bebê Dragão. Thor se interessa muito pelo assunto, e ele e sua mãe resolveram transforma um dever de casa em arte. Ele pensou e desenvolveu toda a historia e sua mãe apenas pegou suas ideias e transformou no livro.
Outro brasileiro que foi notícia recentemente foi o capixaba, Lucas Weberling, de 18 anos. Ele, com ajuda e apoio principalmente de seu pai, passou no vestibular para a faculdade de Direito. Lucas teve diagnóstico tardio de Síndrome de Asperger, uma forma mais leve de autismo, mas com o apoio da sua família foi incentivado a estudar e prestar o vestibular. Ele tem como objetivo ser Juiz.
Essas histórias servem de inspiração para que outras pessoas tenham as mesmas chances. É possível ver que se nós, que não somos autistas, fizermos a nossa parte como sociedade, oferecendo possibilidade para que essas pessoas façam parte, de fato, do mundo, as coisas acontecem e quem tem o transtorno tem uma chance maior de levar uma vida com menos sofrimento e exclusão.
Referências:
Associação Americana de Psiquiatria, APA. DSM V – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5. ed.rev. – Porto Alegre: Artmed, 2014.
RUTTER, M. Diagnosis and definitions of childhood autism. J autism Dev Disord, 1978
http://cidadeverde.com/noticias/211350/menino-autista-e-aprovado-em-direito-e-tera-pai-na-mesma-classe acessado no dia 15/02/2016
http://www1.folha.uol.com.br/folhinha/2016/01/1730890-garoto-autista-e-mae-escrevem-livro-sobre-dragaozinho-perdido-da-familia.shtml acessado no dia 15/02/2016
http://www.dailymail.co.uk/news/article-3415336/My-life-real-meaning-Overjoyed-autistic-teen-lands-job-Starbucks-quickly-dubbed-dancing-barista-brilliant-moves.html?ito=social-facebook acessado no dia 15/02/2016
Fonte: http://blogs.d24am.com/artigos/2016/02/16/o-autismo-para-alem-do-transtorno/