Autismo infantil: Abordagem psicanalítica

 

Situações-Limite na Experiência Psicanalítica

ANO 29, Nº 20, 2007

Autismo infantil: Abordagem psicanalítica
Sonia Caldas Serra
“… a criança autista não teve um defeito na sua construção, mas um incidente na sua constituição” (F.Dolto)
            Pretende esta exposição convidar o leitor a refletir a respeito do autismo infantil nas suas diferentes manifestações e nos seus respectivos enfoques teóricos.
            O autismo, embora sempre objeto de hipóteses, quanto a sua origem, formuladas por psiquiatras, biólogos, geneticistas e psicanalistas, permanece misterioso, sobretudo quanto a sua evolução.
        Não tenho a pretensão de esgotar o vasto tema do autismo infantil porém o propósito de instigar os respectivos interessados com perguntas, muitas sem respostas no nosso “imaginário” psicoanalítico.
            Abordarei autores, deixando de lado outros, de igual importância, que pensam psicanaliticamente o autismo infantil. Tal considerado, vou direto ao ponto. Primeiramente, recordando que a palavra autista significa viver em termos do próprio eu (self), lembro que a primeira psicanalista a trabalhar com criança autista, na época com a denominação de esquizofrenia infantil, foi Melanie Klein, em 1930, posteriormente, Leo Kanner, em 1943, utilizou, pela primeira vez, o termo autismo, ao referir-se à psicose na criança.
            Atualmente, as crianças autistas têm oportunidades que lhes permitem desenvolver o seu potencial, conquistando o direito a uma verdadeira integração social, graças aos novos métodos pedagógicos e às abordagens psicoterápicas.
            O filho autista vem acompanhado de sentimentos de negação quanto ao seu diagnóstico, culpa, frustração e tristeza. Nesta fase, é muito importante o apoio psicoterápico aos pais com o intuito de ajudá-los a se adaptarem ao diagnóstico do filho, e fazê-los perceber que este não é pior que as outras crianças, apenas  diferente.
            As crianças autistas são colocadas numa classificação diagnóstica e/ou num papel que as impedem de serem postas em questão.

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